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Por que as multas ambientais aumentaram no Paraná? O Papel dos Satélites na Fiscalização Ambiental

  • Foto do escritor: Ricardo Amaral
    Ricardo Amaral
  • 23 de abr.
  • 3 min de leitura


Nos últimos anos, o estado do Paraná registrou um aumento expressivo na aplicação de multas por infrações ambientais, especialmente relacionadas ao desmatamento ilegal. Longe de ser fruto de uma mudança meramente legislativa, esse crescimento decorre, em grande parte, do uso intensivo de tecnologias de monitoramento remoto, notadamente por meio de satélites.


🌿 O contexto jurídico e ambiental


A legislação ambiental brasileira, especialmente a Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal), estabelece diretrizes rígidas para a proteção da vegetação nativa, com especial atenção à preservação da Mata Atlântica — bioma predominante no território paranaense. No entanto, a fiscalização historicamente enfrentou desafios práticos: vastidão territorial, recursos humanos limitados e dificuldade de monitoramento contínuo.

É nesse cenário que a tecnologia passou a desempenhar um papel essencial.


🛰️ Monitoramento por satélite: como funciona?


Órgãos ambientais estaduais e federais, como o Instituto Água e Terra (IAT) e o Ibama, passaram a utilizar sistemas avançados de sensoriamento remoto. Entre os principais:


  • DETER (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), do INPE, que capta alterações na cobertura vegetal quase instantaneamente;

  • Satélites de alta resolução comercial, como os da constelação PlanetScope, com imagens diárias e detalhamento suficiente para verificar intervenções em pequenas propriedades;

  • MapBiomas Alerta, uma plataforma que integra dados de desmatamento com registros do CAR (Cadastro Ambiental Rural), facilitando a responsabilização dos infratores.


Com essas ferramentas, é possível identificar áreas desmatadas ilegalmente com precisão geográfica e temporal, gerando provas robustas para lavratura de autos de infração.


💰 O impacto na aplicação de multas


A consequência prática dessa modernização é a ampliação do alcance da fiscalização, com mais infrações sendo identificadas e autuadas. No Paraná, isso refletiu em um número maior de autos de infração lavrados, inclusive contra proprietários rurais que anteriormente não eram alcançados pela fiscalização in loco.

Além disso, a qualidade das evidências produzidas por imagem satelital tende a conferir maior solidez jurídica às autuações, reduzindo a margem para defesas baseadas em ausência de prova ou erro de localização.


🌎 Compromissos ambientais e pressão internacional


Outro vetor relevante é o contexto global. O combate ao desmatamento ilegal é uma exigência crescente em acordos internacionais, como o Acordo de Paris, e uma condicionante para relações comerciais — especialmente com a União Europeia. Isso pressiona governos estaduais a adotar mecanismos mais rigorosos de controle ambiental, sob pena de perdas econômicas e diplomáticas.


📌 Considerações para o setor jurídico e empresarial


As empresas e empresários, sobretudo aqueles que atuam no setor agroambiental, devem estar atentos a essa nova realidade:

  • Auditorias ambientais preventivas são essenciais para evitar passivos futuros;

  • O CAR e o SIGEF devem estar atualizados e em conformidade com a realidade física da propriedade;

  • A atuação jurídica em defesas administrativas deve considerar a validade e interpretação das imagens satelitais — o que exige diálogo com especialistas técnicos.

  • Muito cuidado com o crime ambiental. Muitas das vezes, após lavrado o auto de infração, os órgãos ambientais enviam ofícios ao Ministério Público, estadual ou federal, para que tome as medidas cabíveis no sentido de processar e julgar os crimes ambientais prescritos na Lei. 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais).


A fiscalização ambiental no Paraná entrou definitivamente na era digital. Para os empresários do agronegócio, isso representa um novo sinal de atenção e atuação estratégica, onde tecnologia e responsabilidade ambiental caminham lado a lado. Não corra o risco e consulte um especialista que possa lhe auxiliar tanto preventivamente quanto após lavratura dos Autos de Infração e mesmo denúncias por crimes ambientais. Prevenir é sempre o melhor remédio.



 
 
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